A psicologia do esporte é definida por Kátia Rubio, em termos sucintos, como “o estudo científico de pessoas no contexto do esporte ou do exercício” (RUBIO, 2000). Ou seja, a Psicologia do Esporte tem como meio e fim o estudo do ser humano envolvido com a prática de atividade física e esportiva competitiva e não competitiva.

Caminhando par e passo com a Psicologia Geral, pode-se observar o desenvolvimento não de uma, mas de várias Psicologias do Esporte, distintas umas das outras por causa do referencial teórico que sustenta essa produção acadêmica e prática (Rubio, 2000). Em outras palavras, a Psicologia no Esporte é a transposição da teoria e da técnica das várias especialidades e correntes da Psicologia para o contexto esportivo.

Partindo da psicanálise, do cognitivismo, do behaviorismo radical, do psicodrama, da psicologia social, da psicologia analítica ou da gestalt como referencial teórico, um grupo crescente de psicólogos tem se dedicado a desenvolver a Psicologia do Esporte no Brasil, considerando as particularidades das modalidades no país e dos atletas que convivem com uma realidade específica.

Um exemplo de adoção de um referencial de uma abordagem especifica da psicologia é dado pelo livro de Olavo Feijó, “Corpo e Movimento: Uma Psicologia Para o Esporte” , em que, a partir do referencial da psicologia existencial, o autor discute e propõe uma forma de intervenção sistêmica e holística na psicologia no esporte.

Por outro lado, alguns estudiosos começaram a repensar a Psicologia do Esporte transferindo-a de um modelo de habilidades individuais e passaram a observar a necessidade de uma aproximação com a Psicologia Social para a compreensão e explicação desse fenômeno complexo e abrangente que é a atividade física e esportiva.

Os investigadores em Psicologia do Esporte indicam que o início desta disciplina ocorreu nos fins do século XIX e princípios do século XX. Na década de 20 surgiram os primeiros laboratórios de Psicologia do Esporte na Rússia e Alemanha.

Em seguida, nos Estados Unidos, começaram a ser realizadas pesquisas em Psicologia Comportamental do Esporte. E, em 1928, foi criado o primeiro laboratório de Psicologia do Esporte, na Universidade de Illinois.

Mas foi somente na década de 1960 que a Psicologia do Esporte adquiriu nova dimensão, tanto pelo fato de se disseminarem congressos para a divulgação de pesquisas quanto pela organização e institucionalização do campo.

Em 1965 foi fundada a International Society of Sport Psychology (ISSP) e dois anos depois é instituída a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação.

Os anos 70, por seu turno, foram marcados pela legitimação da Psicologia do Esporte enquanto uma disciplina no sentido estrito do termo. As pesquisas de então enfatizavam especialmente os experimentos e a observação comportamental do atleta.

Na década de 80 a produção acadêmica se debruçou sobre o enfoque cognitivista. O interesse era verificar como os atletas mentalizavam suas ações e quais as interferências de tal dinâmica psíquica no rendimento.

História da Psicologia do Esporte no Brasil

No Brasil, a recente história da Psicologia do Esporte começa nos anos 1950.

Segundo Rubio(1999), “o marco inicial da Psicologia do Esporte brasileira foi dado pela atuação e estudos de João Carvalhães, um profissional com grande experiência em psicometria, chamado a atuar junto ao São Paulo Futebol Clube, equipe sediada na capital paulista, onde permaneceu por cerca de 20 anos, e esteve presente na comissão técnica da seleção brasileira que foi à Copa do Mundo de Futebol de 1958 e conquistou o primeiro título mundial para o país na Suécia”.

João Carvalhães, além disso, escreveu o livro “Um Psicólogo no Futebol: Relatos e Pesquisas” (Editora Esporte Educação, 1974) no qual descreve sua forma de intervenção naquelas equipes e discute, com base nos referenciais teóricos da época, temas como perfis psicológicos e dinâmica de grupo; e em 1974 escreve “Psicologia no Futebol.”

Em 1979, seguindo uma tendência mundial de institucionalização da área, é criada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte.

A década de 1980, no Brasil, é marcada por pesquisas nas quais os aspectos mais relevantes eram o psicodiagnóstico esportivo e a construção de perfis a partir dos dados obtidos por esse procedimento.

Na década de 90, grande parte dos estudos foram marcados pela preocupação em descrever e analisar quando e como utilizar determinadas técnicas, que foi um traço nítido de ampliação dos temas da psicologia do esporte. Outro aspecto notável na área, nesta mesma década, é o crescimento do número de pós-graduações latu sensu em psicologia do esporte.

O primeiro laboratório para pesquisas no campo foi criado pelo professor Dietmar Salmuski, na Universidade Federal de Minas Gerais.

Em dezembro de 2000, o Conselho Federal de Psicologia reconhece este campo de atuação como uma especialidade da Psicologia.

No início do século XXI, a Psicologia do Esporte no Brasil já se firma como especialidade, como área de conhecimento e como campo profissional.